terça-feira, 20 de março de 2012

SALVE SÃO JOSÉ!!! SALVE ALÉM PARAÍBA!!!


SÂO JOSÉ DE ALÉM PARAÍBA - BLOG: ALÉM PARAÍBA HISTÓRIA – MAURO SENRA
A LENDA DO PADROEIRO

As lendas são para a história o que as flores são para vida: enfeitam-na. Embelezam-na. Dão-lhe matiz agradável, suave e pitoresco.
Em torno da imagem que Padre Miguel Antônio Paiva colocou na Capela dos Índios em 5 de janeiro de 1819, conforme seu próprio relato, formou-se uma lenda. A imagem existe, conservada na Igreja Matriz de São José em Além Paraíba.
Surgiu, pois, a lenda – fruto da crendice popular e sua simplicidade em explicar fatos não de todo esclarecidos.
A poesia do historiador alemparaibano Dr. Octacílio Coutinho traduziu o acontecimento – o achado do padroeiro e sua retirada das águas, da seguinte maneira:

O PADROEIRO

Diz à lenda que um dia, junto ao rio assentado,
Frei Miguel, mudo, sozinho, meditava preocupado.
Vez por outra a vista erguia, para o céu assim olhando,
Diz-se-ia que a Deus mesmo, algo estava perguntando.

Outras vezes à floresta, firme olhar endereçava,
Neste gesto de alguém, que uma coisa procurava.
Pensamento, longe, alheio, ao que existe neste mundo,
Absorto inteiramente, no cismar longo profundo.

Decisão muito importante, que tomar não decidia,
Quem si que mesmo o fervor, sua alma alivia.
- “Ó Senhor, a luz envia! Ó meu Deus, clareia a mente.
Que ajudar-me nessa hora, ó meu Pai, só tu somente!

Pois hesito, eu te confesso, e me perco e me confundo,
Aí de mim, um pobre cura, como tantos nesse mundo.
Pois prevejo que em torno, dessa igreja irá surgir,
Uma vila, uma cidade, e depressa progredir.

E desejo que ela fique, para sempre resguardada,
Sob o manto milagroso, de uma imagem abençoada.
Desventurado achar não posso, o padroeiro protetor,
Compaixão me ajuda agora, ó meu santo criador”.

Mal findara essa oração, Frei Miguel se aquietava,
E sentiu que a alma, enfim, duma angustia se livrava.
Algo então aconteceu, um milagre operou:
Eis que olhando o Paraíba, o coração quase parou.

Uma coisa, um objeto, lá nas águas distinguia,
O que era com certeza, o Vigário não sabia.
Mergulhou as mãos no rio, entre aflito e curioso,
Mui depressa retirando, o objeto precioso.

Só então se certificou, e sorriu feliz contente:
Deus lhe dava na verdade, um belíssimo presente.
A chorar ajoelhou-se, com a imagem abraçado,
Soluçando, ao rio, ao céu, enviou o seu “obrigado”.

Levantou-se. E a imagem fita, fato estranho logo nota,
Um perfeito São José, mas calçado com uma bota.
Respeitoso dá-lhe um beijo, e a venera humildemente,
Coloca-lo vai depois, na ermida piamente.

Vêm soldados, mercadores, vêm mulheres e o gentio,
A rezar aos pés da imagem, ofertada pelo rio.
São José d’Além Paraíba, logo foi denominado,
Padroeiro dessa terra, e por ela muito amado.

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