Prefeitura
Municipal de Além Paraíba-MG
AÇÃO COM
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Pode
parecer estranho a alguns os pontos de interrogação deste documento, mas como
muitas vezes é a curiosidade que nos move, espero esclarecê-los. Nas questões
ambientais e sociais, e hoje socioambientais, sem separá-las na semântica e nas
ações, nos deparamos com diversos caminhos. Como e porque explicar a
importância de tratarmos os esgotos por nós todos produzidos? Será que pleno
século XXI alguém ainda tem dúvidas quanto a isso? Às vezes precisamos tomar
decisões, escolher caminhos que nos assegure um futuro. Vejam bem, não estou
dizendo unicamente melhor, mas que o “futuro” exista!
Lembrei-me
de uma passagem de Alice no País das Maravilhas, quando a mesma questiona o
Gato: “Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar agora? Depende muito
de onde está querendo chegar. Não me importo onde estou indo. Então não importa
que caminho irá tomar, disse o Gato”.
Se
realmente queremos ter “futuro” precisamos escolher os caminhos certos, se
importar com esta escolha e caminharmos com firmeza e serenidade. O Município
de Além Paraíba, na gestão atual escolheu o caminho socioambiental e optou por
trabalhar pela qualidade do meio ambiente, mesmo que a mesma só “apareça” para
alguns daqui a anos. Neste caminho escolhido estamos resolvendo os problemas de
destino final do lixo (o aterro sanitário encontra-se em fase de Licença e
Operação) e formalizamos processo junto a COPASA para tratamento do esgoto
gerado. Sem entrar no mérito especifico dos aspectos legais, vem o Município
cumprir com as determinações das Políticas Nacionais de Resíduos Sólidos e
Saneamento, condições essências para a qualidade de vida no Município.
Agora,
retornando aos pontos de interrogação do título e após algumas reflexões,
entendo que na verdade não estaremos tratando o esgoto. Não se assustem, a
opinião é pessoal, o que vejo na verdade é que ESTAMOS TRATANDO A ÁGUA.
Observem bem: tratar é cuidar, modificar por meio de um agente, qualificar,
etc. O que gera nosso esgoto? O uso que fazemos da água para nossas
necessidades básicas, como banho, defecar e urinar. Ainda temos usos
“indiretos” como lavar os alimentos, roupas, as casas, cozinhar, etc. Pois bem,
todos estes usos “sujam” a água que nos serviu. Portanto, podemos compreender
que o esgoto, como muitos pensam, não é formado apenas pela água e resíduos do
vaso sanitário, mas uma parcela muito maior de usos da água.
Daí que
me ocorreu que na verdade o que buscamos é tratar a água, cuidar bem dela,
permitir que a mesma retorne a natureza o mais próximo possível do estado em
foi captada para nos servir. E sabemos que, sem água, nenhum de nós poderá
escolher qualquer caminho, não há opções, precisamos cuidar dela, tratar a água
com carinho e respeito.
Assim,
após estas reflexões e tratando da questão do esgoto, a importância fundamental
de evitarmos seu despejo inadequado em rios é que o esgoto doméstico é
considerado um dos maiores poluidores de recursos hídricos. A água contaminada
por esgoto não apresenta apenas aspecto ruim, ela está mesmo doente. A alta
concentração de esgoto doméstico em corpos hídricos pode leva-lo a morte, pois
uma grande concentração de micro-organismos causa um processo biológico chamado
eutrofização, podendo consumir todo o oxigênio do rio, eliminando a
possibilidade de existência de outros organismos. Em suma, “matar o rio”! O
primeiro passo para evitarmos que isso ocorra é darmos destino adequado ao
esgoto, evitar que o mesmo seja despejado diretamente no corpo hídrico.
Cabe
lembrar que um sem número de doenças possuem sua origem em corpos hídricos
contaminados, indo das seríssimas cólera e hepatite até as mais simples, porém
não menos danosas, como a amebíase que provoca intensas diarreias. Segundo
dados da Organização Mundial de Saúde, dois milhões de pessoas morrem por ano
no mundo (a maioria crianças com até cinco anos de idade) tendo como causa
doenças de veiculação hídrica, isto é, causadas por organismos que vivem na
água contaminada. Portanto, só a questão de saúde pública em relação a
qualidade da água já seria suficiente para implantação do tratamento do
esgoto/água.
Ainda
devemos pensar naqueles transmissores mais asquerosos, como ratos, baratas e
aranhas que encontram no ambiente de esgoto sem tratamento o lar ideal para seu
desenvolvimento e que posteriormente “visitam” nossas casas e ruas levando um
sem número de organismos patogênicos. Na água limpa eles não se desenvolvem. E
o cheiro?
Alguém já pensou em levar a namorada (o) para passear e visitar um lixão ou um
rio fedorento e mal cheiroso? Devemos ou não tratar o esgoto/água?
Mas temos
ainda outras importantes vertentes destes tratamentos. Imagine daqui a alguns
anos podermos usufruir de cachoeiras urbanas, como da banqueta e outras, para
nos refrescarmos no verão. Junte a isso o fato de que a mesma poderá ser um
atrativo turístico, pois a água limpa permitirá o banho e atrairá novamente
peixes e pássaros para o ambiente aquático. São nossos rios de volta à vida!
Devemos
nos lembrar também que uma ETE – Estação de Tratamento de Esgoto e todo o
sistema para captação e transporte de esgoto, para ser operado precisa de
funcionários e se tornará mais uma oportunidade de empregos para nossa cidade.
Fora as contratações que ocorrerão durante o período das obras.
Por tudo
isso entendemos que o Município não poderia mais esperar para entrar no Século
XXI, um século em que os homens devem compreender que fazem parte da natureza e
que não podem utilizá-la de qualquer maneira. Devemos respeito a quem nos
sustenta com ar, comida, ambientes agradáveis e saudáveis e essencialmente água
de qualidade. Ao tratarmos o esgoto/água CUIDAMOS DO MEIO AMBIENTE DE TODOS
NÓS, SEM NENHUMA EXCEÇÃO!
“O mundo
não foi feito em alfabeto.
Senão que
primeiro em água e luz.
Depois
árvore.”
Manoel de
Barros
Além
Paraíba, 25 de Maio 2012
Atenciosamente
Klinger
V. Senra
Divisão
de Meio Ambiente